sábado, 18 de junho de 2011

Até quando esperar?

Meus pensamentos se perdem... a noite fria, a baixa temperatura, ajudam a potencializar ainda mais a minha ira, a minha revolta...
Tudo bem que sou uma pessoa idealista e sonhadora, mas a felicidade realista é implacável...

Iniciei a semana tentando convencer um amigo da Unifesp a não desistir do curso, motivos??? Vários!!! Além da distância do campus, o desemprego e a falta de grana até mesmo para chegar à Universidade falou mais alto: “De que adianta eu estar em uma universidade pública se não consigo aproveitar? Se preciso sair às 15:00h de casa para estar lá à noite e permanecer até às 23:00h sem lembrar que estou com fome, depois de passar a manhã procurando um emprego...”
Depois disso parei de tentar convencê-lo, pois perdi os argumentos e senti aquela angústia como se fosse minha... lembrei-me do Renato cantando Conexão Amazônica:

“Estou cansado de ouvir falar
Em Freud, Jung, Engels e Marx
Intrigas intelectuais
Rodando em mesa de bar...

...E você quer ficar maluco sem dinheiro e acha que está tudo bem
Mas alimento pra cabeça nunca vai matar a fome de ninguém
Uma peregrinação involuntária talvez fosse a solução
Auto-exílio nada mais é do que ter seu coração na solidão...”

(Fragmentos de Conexão Amazônica – Legião)

Por que ainda é tão difícil estudar neste país? Aliás, porque ainda é tão difícil viver? Concordo com Oscar Wilde quando ele diz que viver é a coisa mais rara do mundo e que algumas pessoas apenas existem.
É, existimos de qualquer jeito, de qualquer maneira, e esse existir custa caro... “abrimos” mão de tudo, aceitamos as condições que nos são impostas... trabalhamos com o que não gostamos, nos calamos, nos mutilamos, “engolimos sapos”, nos condicionamos a tudo isso...afinal, precisamos nos sustentar e pagar as contas, vivemos de esmolas...

Vivemos realmente a teoria da escravidão... preferimos ser escravos e termos a senzala e os restos de comida para matar nossa fome a ser livres, sem ter pra onde ir e o que comer... e ainda agradecer todos os dias por termos isso, por termos tão pouco, por não dormirmos na rua...

Resta-me pensar então que, se você não teve a sorte de nascer em uma família com as “bases” formadas, terá que enfrentar as grandes deformações que a vida lhe apresentará desde cedo.

O Brasil é um dos territórios mais ricos em produção material e cultural de todo planeta. Temos enormes riquezas e reservas naturais, mas estamos entre as dez piores sociedades em desigualdade social. Temos 15 milhões de adultos analfabetos, sendo que apenas 10% de nossos jovens em idade universitária conseguem se matricular no ensino superior. As estatísticas socioeconômicas da sociedade brasileira são inaceitáveis e indignantes...

Concordo plenamente com você quando diz que fará disso um lema: “Não quero aceitar a condição de que não há condições” e também odeio essa ordem social que nos priva o intelecto, nos forçando a condição de escravos modernos...

"Até quando esperar a plebe ajoelhar esperando a ajuda de Deus?

Encerro o meu momento protesto com a canção da banda Plebe Rude, Até quando esperar?:

Um comentário:

  1. Se toda a massa se rebelasse, se toda a gente dissesse "basta", não haveria força pra conter a horda. Mas a miséria é alvo fácil do "Pão e Circo". Enquanto não cai, por fim morto, como numas destas imagens horríveis deste vídeo, com o abutre à espera, o povo aceita, baixa a cabeça e se submete, dócil. Esta é a primeira impressão. Porém, na fusão de idéias que nos acomete, o povo não aceita assim, mas sim por não haver condições. É incondicional aceitar a escravidão do pouco pão, do que a marginalidade da fome plena. E há muitos que não conseguem fugir desta última situação.
    É inadmissível um discurso tão hipócrita de "Um Brasil para Todos", de bolsa disso, bolsa daquilo, quando os imposto ceifam o benefício quase pela metade, quando o custo de vida e a dificuldade para sobrevivermos, nos priva de estudar, de aproveitarmos a tal "bolsa 100%". Muitos desistem, e não é por não serem fracos. Mas o que fazer diante do ponto levantado pela muito bem colocada citação: "alimento pra cabeça nunca vai matar a fome de ninguém" ? A ignorância do povo o condiciona. Mas 100 mil bolsas de estudo não matarão a fome de ninguém!

    Compartilho de todas estas revoltas tuas, somando-se a elas aquela referente aos 1107km...

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