sábado, 7 de novembro de 2009

"Os monstros sagrados do pop-rock brasileiro"


“Os livros na estante
Já não tem mais
Tanta importância
Do muito que eu li
Do pouco que eu sei
Nada me resta
A não ser
A vontade de te encontrar
E o motivo eu já nem sei
Nem que seja só para estar
Ao teu lado só pra ler
No teu rosto
Uma mensagem de amor...”

Depois da Legião Urbana, os Paralamas do Sucesso é a banda que mais gosto. Para mim, eles são considerados “os monstros sagrados do pop-rock brasileiro”.
É a banda que melhor traduziu o pensamento da geração das décadas de 80 e 90, eles foram o grupo que expressou com mais vigor a pluralidade e a multiplicidade da cultura brasileira, tanto nas suas composições como na mistura de rock, funk e reggae.
Estou tocando algumas músicas da banda e o legal é que quando a gente toca, percebe melhor o sentido das letras do que só quando ouvia as canções...
Os Paralamas do Sucesso começaram sua carreira no início da década de 1980, em Brasília e foram os padrinhos da Legião Urbana. O primeiro LP da banda foi em 1983, trazia canções como “Química”, da Legião, Cinema Mudo, (música que deu nome ao LP), e a música “Vital e Sua Moto”, crônica que fizeram para o ex baterista da banda, de nome Vital, que economizou dinheiro por meses para conseguir comprar uma moto:

“... Mas vital comprou a moto e passou a se sentir total
Vital e sua moto, mas que união feliz
Corria e viajava era sensacional
A vida em duas rodas era tudo que ele sempre quis...”

O grupo faz parte da safra carioca que participou da renovação do pop-rock brasileiro nos anos 80, ao lado da Blitz, Barão vermelho, Kid Abelha, Lulu Santos, entre outros...
Ganharam projeção nacional com o segundo álbum “O Passo do Lui” lançado em 1984 e que trazia os sucessos “Óculos”, “Meu Erro”, “Assaltaram a Gramática” e “Romance Ideal”. Com um repertório de canções conhecidas do público, o grupo se apresentou na primeira edição do Rock in Rio, em janeiro de 1985.

Em 1986, eles lançam “Selvagem?”, que se tornaria o álbum de estúdio de maior vendagem do grupo. O repertório desse disco mostra uma aproximação da banda com a MPB. A canção “Alagados” torna-se um dos hits do álbum e é uma primeira incursão mais evidente do grupo em letras carregadas de críticas sociais.
Nessa época, a banda inicia também uma carreira que se tornaria muito bem-sucedida pelos países sul-americanos, principalmente na Argentina. Os sucessos nesses países levariam o grupo a gravar uma série de álbuns em espanhol, o que consolidaria os Paralamas como um dos grupos mais populares de pop-rock da América do Sul. Colaborou nesse processo a parceria do grupo com o roqueiro argentino Fito Páez. Em 88, a banda lança o disco “Bora-Bora” e volta a utilizar a crítica social em “O Beco”, um dos sucessos do álbum. Mas o repertório traz também as baladas românticas “Quase um Segundo” e “Uns Dias”. O disco seguinte “Big Bang”, de 89, traz o sucesso “Lanterna dos Afogados”.
No CD Severino, de 1990, os músicos reverenciam a arte como ação libertadora e estabelecem um diálogo com outras formas de expressão estética, em especial com as criações de dois nomes expressivos da cultura brasileira: o poeta João Cabral de Mello Neto e o artista plástico Arthur Bispo do Rosário.
No disco, a banda resgata a obra Morte e Vida Severina, do poeta pernambucano. “Mas vem de tudo n’água suja, escura e espessa deste Rio Severino, morte e vida vem” (trecho da canção Rio Severino). Além disso, os trabalhos de Arthur Bispo ilustram a capa, letras e textos do álbum. Essa é a obra-prima dos Paralamas, embora não tenha feito sucesso no Brasil.
Em 2001, acontece o acidente de ultraleve com Herbert Vianna e sua esposa Lucy, no qual ela morre. O líder dos Paralamas fica com graves sequelas, entre elas uma lesão medular, que o deixou com uma paraplegia, e lesões cerebrais. Mesmo com as limitações impostas pelo acidente, como o uso de cadeira de rodas, e após um longo processo de recuperação, Herbert volta a se reunir com os companheiros e retoma a carreira do grupo no final de 2002. Após essa retomada, o destaque na discografia da banda é “Uns Dias”, gravado ao vivo, que conta com as participações de Djavan, Nando Reis,Frejat, Edgard Scandurra, Andreas Kisser, Dado Villa-Lobos, Paulo Miklos e George Israel.
Os Paralamas do Sucesso são um dos poucos grupos da boa safra do pop-rock brasileiro dos anos 80 que atravessou décadas se reinventando e mantendo uma carreira de sucessos.

2 comentários:

  1. Tô gostando de ver Cris! Voltou a escrever com força total hein!?! E bem, como sempre! Também sou cria do Rock nacional dos 80, adoro Paralamas, Legião, Barão, Engenheiros, entre outras. Mas, a minha preferida eram os Titãs.
    Parabéns pelo texto!
    Beijos

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  2. Tambem vivi e kurti o rock nacional anos 80, mas hoje concordo com as palavras um tanto duras e exageradas lá do ZERO ZEN...

    http://www.zerozen.com.br/anos80/bandbr.htm

    JOPZ

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