segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A saga de João de Santo Cristo...


“...E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
"Se a via-crucis virou circo, estou aqui"

E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester-22
A arma que seu primo Pablo lhe deu...”


Quem nunca ficou horas ouvindo e repetindo diversas vezes os 159 versos da canção “Faroeste Caboclo”, até conseguir decorar a letra? Quem curtiu o movimento rock Brasil nos anos 80, com certeza sabe do estou falando...
A música é um dos maiores clássicos do rock nacional, lançado pela Legião Urbana, no terceiro disco da banda, “Que País é Este?”, em 1987.
A canção com nove minutos de duração vai virar filme. É isso mesmo!!! A saga de João de Santo Cristo virará um longa-metragem e está em fase de produção, com previsão de lançamento para outubro de 2010.
O legal é que Renato Russo já previa isso...
Por sinal, durante toda a sua vida, o cinema seria para Renato uma obsessão tão grande, ou quase tão grande, quanto o rock’n’roll. Tanto que ele a encarava como um desdobrar natural de sua vida artística.
Meticuloso como era, traçara um plano para si mesmo: até os 40 anos, levaria adiante a Legião Urbana; dos 40 aos 60, se dedicaria ao cinema; daí em diante seria um escritor. Para pôr em prática a segunda etapa, rascunhou ao menos dois roteiros, um na adolescência, o mitológico Apolo & Dafne; outro já adulto, Faroeste Caboclo, baseado em sua própria música, nos seus próprios 159 versos que contavam a vida de João de Santo Cristo, misto de traficante e santo, personificação do próprio Brasil.
Para o papel de Pablo, o traficante “peruano que vivia na Bolívia”, Renato pensava em convidar o ator Marcos Palmeiras. Como espectador, era tão voraz quanto como leitor, conseguia assistir quatro filmes por dia. Era apaixonado pelos diretores Ingmar Bergman, sueco, e François Truffaut e Jean-Luc Godard, franceses. Este último, inclusive, foi arrolado entre as preferências eruditas da Mônica da famosa música com o Eduardo, inspirada em sua amiga Leonice de Araújo Coimbra, artista plástica em Brasília.
Agora só nos resta esperar, para ver quem serão os intérpretes de João, Jeremias, Plabo e Maria Lúcia. A obra de Renato influenciou e ainda influenciará gerações sedentas por rock, vida e descoberta.

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